segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O que é importante para você?

PARÓQUIA DA SANTA CRUZ
Homília ANO C
04 de julho de 2010

Texto Bíblico:
Primeira Leitura: Isaías 66.10-16
Salmo 66.1-8
Segunda Leitura: Gálatas 6.14-18
Evangelho: São Lucas 10.1-12, 16-20
Título: O que é importante para você? O que Você dá valor?
(Feche seus olhos por alguns momentos e pense nisso)

Introdução
Jesus e o apóstolo São Paulo levantam essa questão nos textos lidos hoje: Jesus afirma: “Contudo não se alegrem porque os maus espíritos obedecem a vocês; antes alegres porque os nomes de vocês estão escritos no céu” (São Lucas 10.20) e São Paulo diz: “Quanto a mim, que eu não me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio do qual o mundo foi crucificado para mim, e eu, para o mundo. O que importa não é a circuncisão ou a não-circuncisão, e sim a nova criação” (Gl 6.1-15), ou seja, a nova pessoa criada em Cristo).

Os setenta e dois
O texto do evangelho apresenta Jesus comissionando setenta e dois discípulos e os enviando dois a dois em missão. Eles deveriam ir a frente do mestre nos lugares que ele próprio deveria passar.
Jesus levanta com os discípulos a falta de trabalhadores e como o trabalho é grande: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso peçam ao dono da colheita que mande trabalhadores para a colheita” (Lc 10.2)
Dá lhes algumas instruções, duras, sabemos, mas tinham a intenção de alertar os discípulos que deveriam ser desapegados da vida terrena e não perder tempo com nada:
- Não levem bolsa, nem sacola, nem sandálias e não parem no caminho, para cumprimentar ninguém.
- Façam o que tiverem para fazer, curem os doentes que houver em todos os lugares,
- Preguem dizendo: o Reino de Deus está próximo, mas onde recusarem a palavra não levem nem a poeira grudada em seus pés. Deus será mais tolerante com Sodoma do que com tal cidade, pois: “Quem escuta vocês, escuta a mim, e quem rejeita vocês, rejeita a mim; mas quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou” (Lc 10. 16).

Eles voltam alegres
Os setenta e dois voltaram alegres da missão outorgada por Jesus e expunham que fizeram muitos sinais: “Senhor, até os demônios obedecem a nós por causa do teu nome” (Lc 10.17b). Provavelmente falaram: Senhor, curamos pessoas em seu nome, pregamos como ordenou, muitos sinais nos acompanharam, etc.
Mas o bondoso Senhor das nossas vidas olha com muito carinho para aqueles setenta e dois e afirma: “não se alegrem porque os maus espíritos obedecem a vocês; antes, fiquem alegres porque os nomes de vocês estão escritos no céu” (Lc 10.20), ou seja, não importa os sinais que acompanharam vocês, mas o importante é que seus nomes escritos no céu estão no coração de Deus e, Ele ama muito vocês todos.
Para Ele o fundamental era ter uma relação profunda com Deus, o Criador e Salvador da vida.

São Paulo e os Gálatas
São Paulo funda as igrejas da Galácia em circunstâncias interessantes, ele fica doente e, os gálatas, o acolhem com muita amabilidade e o apóstolo é extremamente grato por isso. São Paulo prega o evangelho da graça e os gálatas começam a viver na liberdade do Espírito, pois esse é o assunto da Carta de São Paulo aos Gálatas: A Liberdade em Cristo.
Estudos recentes afirmam que a Galácia era famosa por seus mercados de escravos, além de ser domínio do Império Romano, sendo assim os gálatas eram oprimidos em todas as esferas.
O Evangelho foi uma oportunidade de se verem livres de qualquer opressão, pois através dele não existe mais livres, escravos, homens, mulheres..., mas todos são considerados iguais perante Deus. Em síntese, um mundo novo, onde todos têm vida e liberdade.

Novamente a escravidão
Algo aconteceu na comunidade, “na ausência de São Paulo, infiltraram-se nessas comunidades alguns cristãos de origem judaica (judaizantes). Eles afirmavam que os gálatas, para serem cristãos, deviam em primeiro lugar circuncidar-se, ou seja, judaizar-se” (BORTOLINI), essa é a razão que leva o apóstolo a escrever a epístola.
Para ele, o fato de permitirem a circuncisão era uma nova forma de escravidão, ele chama isso de “jugo da lei”.
Por causa desse problema, os gálatas começam a se digladiarem e São Paulo os adverte: “Ame o seu próximo como a si mesmo. Mas, se vocês se mordem e se devoram uns aos outros, tomem cuidado! Vocês vão acabar destruindo-se mutuamente” (Gl 5.14b-15).
O apóstolo São Paulo afirma: aqueles que impõem a circuncisão não observam a lei, mas o que desejam é gloriarem-se de terem marcado seus corpos.
No final da epístola, São Paulo conclui no que realmente se gloriava: Mas eu me glorio na cruz de Cristo, na qual trago as marcas: açoite, (prisão, fome...), mas meus irmãos o que importa não é a circuncisão ou a não-circuncisão, e sim a nova criação. São Paulo está dizendo assim: Não é importante se você é circuncidado ou não, mas o fato de ser nova pessoa em Cristo, ser livre e ter a possibilidade de escolher entre o amor e o ódio.

O que é importante para você
Diante do exposto até agora, desejo voltar à pergunta do início: O que é importante para você? O que realmente você dá valor em sua existência?
Coloco abaixo algumas questões para nos ajudar na reflexão:
Você olhou para a sua família hoje?
Percebeu como faz falta a chuva?
Você deu importância ao fato de ter encontrado o seu irmão e irmã hoje?
Deu Importância ao seu abraço?
Deu importância a mão estendida em sinal de saudação
Você se apercebeu de como Deus te ama
Eu posso afirmar de como é bom ter meu pai, minha mãe, irmãs e sobrinhos e saber que está vindo mais uma.
Você deu importância ao conselho que recebeu sobre suas dificuldades? (Eu recebi de um irmão semana passada, que me ajudou a mudar minha visão sobre um determinado assunto).
O que verdadeiramente importa são os amigos, família, carinho, afago, palavras boas, gestos concretos de amor, Cristo em nossas vidas e uma a relação profunda com Deus.

Os Miseráveis - Victor Hugo
Termino com a história do livro de Victor Hugo, Os Miseráveis:
Os Miseráveis é um clássico da literatura francesa escrito no século XIX.O livro tem como personagem principal Jean Valjean, ex-presidiário, rancoroso, que por roubar pão para ajudar uma família cumpriu pena por 19 anos nas Gales. Gales, eram barcos movidos a remo onde os remadores trabalhavam acorrentados e recebiam um soldo mínimo que ficava guardado até libertarem-nos
Ao sair do presídio Jean tentou levar uma vida honesta, buscou por vários trabalhos mas quando conseguia, recebia menos que os demais, isso devido a sua condição de ex-presidiário. Por isso tentou buscar outra cidade, mas chegando lá, ao tentar alojar-se, seus proprietários faziam uma consulta cadastral, onde ao obterem a resposta de que era um ex-detento, não deixavam-no sequer hospedar-se mesmo pagando.Isso o deixava revoltado.
Uma senhora vendo-o a noite deitado no banco da praça a noite, levou-o até a Casa Paroquial, onde o Bispo o recebeu generosamente. Jean pensou que ele era um simples padre e foi logo contando seu problema. Por sua vez, o Bispo com sua índole elevada acolheu-o de bom coração sem julgá-lo. Na Casa Paroquial haviam riquezas em objetos como castiçais de prata, usados nos rituais eucarísticos . Ao acordar de madrugada, Jean recordando a sua história e vida amarga, começo a pensar nas riquezas que haviam no cofre que ficava aberto e decidiu roubar-lo.
Assim cuidadosamente abriu o armário e guardou os utensílios de prata no saco em seguida pulou a janela e fugiu.
Desconfiados os policiais da cidade o prenderam portando aqueles objetos e o levaram ao reconhecimento do Bispo.Perguntando se Jean o havia roubado. O Bispo em um gesto nobre e para não prejudicá-lo disse que havia doado os utensílios de parta, para que Jean vendesse e pudesse usar para recomeçar a sua vida tornando-se um homem honesto e de bem. Libertaram-no e devido aquele ato nobre Jean agradeceu e partiu pensativo.
Em suas perambulações conheceu várias pessoas que seriam importantes em algum momento em sua vida. Assim ele mudou de cidade, vendeu os utensílios e montou uma fábrica usando outro nome.
Jean no final de sua vida, resignado e libertado de seu rancor, perdoou e falou de sentimentos nobres para filha e Marius principalmente do amor de ambos e ao próximo como a si mesmo. Ao falecer ele disse estar enxergando um padre. Na verdade, o padre que acompanhava a sua passagem e que ele enxergava era o mesmo que lhe auxiliou a uma vida destinada a ajudar aos outros a ter sentimentos puros e nobres e a combater as injustiças sociais. Mostrando que devemos transformar nossos sentimentos negativos dando lugar a sentimentos generosos.
O gesto do bispo foi tão importante que levou Jean Valjean a mudar toda a sua vida e tornar se um homem honesto e que amava a todas as pessoas!

Bibliografia
BORTOLINI, J. Como ler a Carta aos Gálatas, Evangelho é liberdade, Edições Paulinas, Série como ler a Bíblia,1990
Ilustração: http://pt.shvoong.com/books/1675323-os-miser%C3%A1veis/

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