segunda-feira, 16 de abril de 2012

Dialogando – fraterno e carinhoso

Reginaldo Marcelo
            O Ecumenismo, a relação fraterna com igrejas cristãs e o diálogo inter-religioso, o diálogo fraterno e carinhoso com outras religiões não cristãs, são prerrogativas de um mundo marcado pela violência, desigualdade e desunião entre povos, pessoas, nações e até religiões. Quando uma crença odeia a outra, não está em sintonia com a divindade, pois o ódio, o conflito, não são desejáveis por um Deus bondoso, amoroso e misericordioso.
            Todos aqueles que professam uma determinada religião são chamados para o amor, não só estabelecido através de palavras, mas em atos de fraternidade, respeito e carinho.
            O ecumenismo e o diálogo inter-religioso são possíveis, mas para isso é necessário colocar-se como igual, tendo em mente que todas as religiões têm o mesmo intuito: aproximar o ser humano de Deus e relacionar-se com Ele. Quando uma religião crê em sua superioridade em relação a outra, o diálogo torna-se impossível, mas á saber que a maioria das religiões buscam amar o próximo. O diálogo, a interação, o abraço e o carinho são possíveis e um clamor urgente desses tempos tão difíceis, afinal: “La espiritualidade, la entrega, la compasión y la sabedoria que vemos em otros nos dejan poco espacio para reivindicar uma superioridade moral.” (Fonte: Consejo Mundial de Igresias – Consideraciones ecuménicas sobre el diálogo y las relaciones com creyentes de otras religiones)
            Pensar na presença de Deus baseando-se apenas no cristianismo é no mínimo presunçoso, pois Jesus mesmo afirma no Evangelho de São João 10. 16, que ele tem ovelhas em outros lugares: “Tenho também outras ovelhas que não são deste curral. Também a elas eu devo conduzir: elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor”. O Deus da vida está presente onde há amor, esperança e paz elementos presentes em outras religiões como, por exemplo, o Islamismo, o Budismo, Xintoísmo, Hinduísmo, etc.
            Gandhi é um exemplo disso, seguidor do Hinduísmo, apregoou o caminho da não violência para alcançar a independência política da Índia e a igualdade de direitos entre as castas em seu país. Ele afirmou “O amor nunca faz reclamações; dá sempre. O amor tolera; jamais se irrita e nunca exerce vingança” (Mahatma Gandhi Fonte: http://pensador.uol.com.br/ mahatma). Não importa o caminho trilhado, chega-se ao mesmo lugar, pois: “As religiões são caminhos diferentes convergindo para o mesmo ponto. Que importância faz se seguimos por caminhos diferentes, desde que alcancemos o mesmo objetivo?” Mahatma Gandhi (Fonte: http://pensador.uol.com.br/autor/mahatma).
            Além de todos os elementos já citados, o diálogo é imprescindível porque o mundo atual é violento, insensível e desumano. Há pelejas por terra, água, território e também lutas religiosas. Deve-se lembrar dos ataques as Torres Gêmeas nos EUA, realizada por fundamentalistas islâmicos, de George Bush, utilizando-se do cristianismo para justificar suas invasões no Iraque, de Israel, que tem grande parte professando o judaísmo, construindo um muro para separar-se dos palestinos muçulmanos. A paz entre as religiões é essencial para alcançar um planeta livre de confrontos de qualquer espécie, “Não haverá paz entre as nações sem a paz entre as religiões. Não haverá paz entre as religiões sem o diálogo entre as religiões. Não haverá diálogo entre as religiões se não se investigam os fundamentos das religiões” – assim nos apresenta o tema Hans Küng na primeira página do seu último livro O Islão – História, Presente, Futuro. (Fonte: http://www.alem-mar.org). Todos aqueles que professam uma crença devem lembrar que Deus é um Deus da paz. Onde há guerra, desavença, não existe a bênção do Criador de todas as coisas. Afinal no nascimento de Jesus os anjos cantaram: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados” (São Lucas 2.14).
            Paz, conhecimento do outro, humildade, são possíveis se os seres humanos religiosos e não religiosos caminharem juntos em amor e misericórdia como Deus pede.
Referências
1. Bíblia Sagrada – Edição Pastoral, Paulus, 1990.
2. Conselho Mundial de Iglesias, Consideraciones ecuménicas sobre el diálogo y las relacioniones com creyentes de otras religiones, 2002.

Um comentário:

  1. Querido irmão, concordo contigo em tudo o que fala, mas gostaria de acrescentar algo a mais. O amor ao diferente é mais que importante, é essencial já que é só com o diferente que podemos exercitar nosso amor e fraternidade, é só com o diferente que podemos nos aperfeiçoar e crescer em sabedoria e fraternidade, somente com os que no detestam que podemos aprender a amar o diferente e o inimigo, que nos aperfeiçoa e nos fazmais puros e - porque não dizer - mais proximos e mais pertos da Divina Pessoa.Não apenas como crenças mas como pessoas devemos ser e expressar o encontro que tivemos com o Senhor, com sua vida e com sua palavrae, atraés da misericórdia levarmos
    sua presença aos perdidos, aos esquecidos da sociedade, aos feridos e doloridos, aos excluídos e marginalizados, sem qualquer tipo de preconceito. Por isso tenho, ainda, orgulho de ser anglicano, que é uma igreja aberta, inclusiva e que não tem preconceito de raça, de opção sexual nem de gênero, onde todos e todas temos acesso ao magistério e à mesa do Senhor, onde mulheres são aceitas ao sacerdócio. Que Deus nos permita ser sempre fiéis a seu amor e a sua presença.

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