terça-feira, 23 de novembro de 2010

Bênção dos Animais


São Francisco de Assis, Frade, 1226
Introdução
Irmãos e irmãs, em nossa fé, dizemos que Deus criou todas as coisas. E a Bíblia confirma esta fé, dizendo que Deus fez tudo bem. Movidos por esta confiança, nos reunimos hoje, neste dia de São Francisco de Assis, para louvar a Deus por todos os seres vivos, especialmente estes animais, criados pelas mãos do Altíssimo.

Hino: Louvado seja meu Senhor
Refrão: Louvado seja meu Senhor (4x)
Por todas as suas criaturas. Pelo sol e pela lua.
Pelas estelas no firmamento. Pela água e pelo fogo.

Por aqueles que agora são felizes. Por aqueles que agora choram.
Por aqueles que agora nascem. Por aqueles que agora morrem.

O que dá sentido à vida. É amar-Te e louvar-Te.
Para que a nossa vida. Seja sempre uma canção

Oficiante: O Espírito do Senhor seja convosco
Todos: Seja também contigo.
Oficiante: Oremos
Bondoso Deus, tu tens sempre prazer em revelar-se a sim mesmo através de teus servos e servas; faze com que, seguindo o exemplo de Francisco de Assis, possamos buscar a sabedoria que vem de Ti e que para o mundo é loucura. Mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, que vive e reina contigo, na unidade do Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.


A Palavra de Deus escrita no Livro de Gênesis, capítulo 1, começando com o versículo 1 ao 2 e depois 2.20 ao 25
1* No princípio, Deus criou o céu e a terra. 2 A terra estava sem forma e vazia; as trevas cobriam o abismo e um vento impetuoso soprava sobre as águas.
20 Deus disse: «Que as águas fiquem cheias de seres vivos e os pássaros voem sobre a terra, sob o firmamento do céu». 21 E Deus criou as baleias e os seres vivos que deslizam e vivem na água, conforme a espécie de cada um, e as aves de asas conforme a espécie de cada uma. E Deus viu que era bom. 22 E Deus os abençoou e disse: «Sejam fecundos, multipliquem-se e encham as águas do mar; e que as aves se multipliquem sobre a terra». 23 Houve uma tarde e uma manhã: foi o quinto dia.24 Deus disse: «Que a terra produza seres vivos conforme a espécie de cada um: animais domésticos, répteis e feras, cada um conforme a sua espécie». E assim se fez. 25 E Deus fez as feras da terra, cada uma conforme a sua espécie; os animais domésticos, cada um conforme a sua espécie; e os répteis do solo, cada um conforme a sua espécie. E Deus viu que era bom.

Oficiante: Glorifiquemos de todo o coração, ao Senhor, nosso Deus, criador de todas as coisas e que tudo fez com sabedoria e ternura.
Todos: Bom é louvar ao Senhor.

Hino Quero Louvar-Te
Quero louvar-te sempre mais e mais
Quero louvar-te sempre mais e mais
Buscar o teu poder, tua graça conhecer
Quero louvar-te

As aves do céu cantam para Ti,
As feras dos campos refletem teu poder,
Quero cantar, quero levantar a minha voz.

Quero amar-te, sempre mais e mais
Quero servir-te sempre mais e mais.

Texto – Fontes Franciscanas: Capítulo XXIII — Sobre o lobo levado pelo bem-aventurado Francisco e sua grande mansidão.
1 Aconteceu, na cidade de Gúbio, quando ainda vivia nosso pai São Francisco, um fato admirável e digno de ser lembrado como célebre. Pois havia no território da cidade de Gúbio um lobo terrível pelo tamanho e ferocíssimo pela raiva da fome, 2 que não só destroçava animais mas também devorava homens e mulheres, de modo que mantinha todos os cidadãos em tamanha angústia e terror que todos, quando saíam para o campo, andavam prevenidos e armados, como se tivessem que ir a uma guerra funesta. 3 Mas nem armados conseguiam escapar dos dentes mortais ou da raiva truculenta do lobo quando tinham a infelicidade de encontrá-lo. Por isso, foram todos invadidos por tamanho terror que alguns mal ousavam sair fora da porta da cidade.4 Mas Deus quis demonstrar a esses cidadãos a santidade do bem-aventurado Francisco. Quando ele morava lá, ficou com pena deles e se dispôs a sair ao encontro do lobo.5 Ouvindo falar disso, os cidadãos diziam: “Frei Francisco, toma cuida de não sair fora da porta, porque o lobo, que já devorou muitas pessoas, vai certamente te matar!”. Mas São Francisco, confiando no Senhor Jesus Cristo, que domina os espíritos de toda carne, sem estar protegido por escudo e capacete, 6 munindo-se com o sinal da santa cruz, saiu pela porta com um companheiro, colocando toda a sua confiança no Senhor, que a quem nele crê faz andar sobre o basilisco e a áspide e calcar sob os pés não só o lobo mas também o leão e o dragão (cfr. Sl 90,13).7 E assim, o fiel cavaleiro de Cristo, Francisco, sem se cingir com armadura ou espada, sem levar um arco ou outra arma de guerra, mas protegido pelo escudo da fé santa e o sinal da cruz, começou a percorrer com constância o caminho que, para os outros, era incerto. Eis que, diante de muitos que estavam vendo dos lugares para onde tinham subido, o lobo terrível correu contra São Francisco, com a boca totalmente aberta. 8 Contra ele, São Francisco opôs o sinal da cruz, mantendo-o por virtude divina afastado tanto de si mesmo como do companheiro, deteve a sua corrida, fechou a boca truculentamente aberta.9 No fim, chamando-o, disse: “Vem aqui, irmão lobo. Da parte de Cristo eu te mando que não faças mal nem a mim nem a outro”.10Que admirável! Logo que fez a cruz, o fechou aquela boca terrível! Quando foi dada a ordem, inclinou a cabeça e se prostrou aos pés do santo, já transformado de lobo em cordeiro. 11 Quando ele estava assim, deitado, São Francisco disse: “Irmão lobo, tu causas muitos danos por estes lados e perpetraste malefícios horrendos, destruindo sem misericórdia as criaturas de Deus. 12 Pois não só destróis seres irracionais mas, o que é da ousadia de quem detesta, matas e devoras homens criados à imagem de Deus (cfr. Gn 1,26.27). Por isso, és digno de ser condenado a uma morte horrenda, como salteador e péssimo homicida. É por isso que todos clamam e murmuram justamente contra ti, e esta cidade inteira é tua inimiga. 13 Mas, Irmão lobo, quero fazer a paz entre ti e estas pessoas, de modo que não sejam mais prejudicados por ti e, perdoando-te todas as ofensas passadas, nem cães nem homens continuem a te perseguir”.14 E o lobo, com gestos do corpo, da cauda, das orelhas e da cabeça mostrava que estava aceitando tudo que o santo dizia.15 São Francisco ainda disse: “Irmão lobo, uma vez que estás de acordo em fazer esta paz, eu te prometo que farei que, pelas pessoas desta cidade, te dêem continuamente o que comer, enquanto viveres, 16 de modo que nunca mais passes fome, porque eu sei que tudo que fazes de mal, fazes pela raiva da fome. 17 Mas, meu irmão lobo, como eu vou te conseguir essa graça, quero que me prometas que nunca vais ferir algum animal ou homem, nem presumirás causar algum dano em todas as coisas. Tu me prometes isso?”.18 Inclinando a cabeça, o lobo deu um sinal evidente de que prometia fazer o que era imposto pelo santo. E São Francisco disse: “Irmão lobo, quero que me dês uma fiança, para eu poder crer com segurança no que me prometes”.19 E como São Francisco estendeu a mão para receber a fiança, o lobo também levantou sua pata anterior direita e a colocou brandamente sobre a mão de São Francisco, dando fiança com o sinal que podia. 20 Então São Francisco disse: “Irmão lobo, eu te mando em nome de Jesus Cristo (cfr. At 16,18), que agora venhas comigo, sem duvidar, para podermos ir fazer esta paz em nome do Senhor”.21 E o lobo, obedecendo imediatamente, ia com São Francisco, como um cordeiro muito manso. 22 Vendo isso, as pessoas da cidade começaram a ficar veementemente admiradas. E essa novidade logo se espalhou por toda a cidade, de modo que todos, tanto velhos como jovens, tanto mulheres como homens, tanto populares como nobres dirigiram-se juntos para a praça da cidade, onde São Francisco estava com o lobo.23 Reunida toda a multidão do povo, São Francisco levantou-se e fez-lhes uma pregação admirável, dizendo entre outras coisas como, por causa dos pecados, essas calamidades são permitidas, 24 e como é mais perigoso o fogo devorador da geena, que vai devorar para sempre os condenados, do que a raiva do lobo, que não pode matar senão o corpo (cfr. Mt 10,28); 25 e como deve ser assustador mergulhar no abismo do inferno, quando um único pequeno animal mantinha em tamanho pavor e perigo toda uma multidão. 26 ”Portanto, caríssimos, voltai para Deus e fazei uma penitência digna. Deus vos libertará do lobo no presente e do fogo devorador do abismo, no futuro.
27 Dito isso, falou: “Ouvi, caríssimos, o irmão lobo, que está aqui presente diante de vós, prometeu-me — e deu prova dessa promessa — que ia fazer a paz convosco 28 e nunca mais vos prejudicará em alguma coisa se lhe prometerdes dar todos os dias a comida necessária. E eu sou fiador, em nome do lobo, de que ele vai observar firmemente o pacto de paz”.29 Então todos os que lá estavam congregados prometeram com um forte clamor que iam alimentar continuamente o lobo. E São Francisco disse ao lobo, diante de todos: “Tu também, irmão lobo, prometes a eles observar o pacto, isto é, que não ferirás nem uma pessoa nem um animal?”30 E o lobo, ajoelhando-se, demonstrou evidentemente a todos que ia observar o pacto, com uma inclinação da cabeça, gestos do corpo, da cauda, e acenos das orelhas.31 São Francisco disse: “Irmão lobo, quero que, como me deste esta garantia quando eu estava fora da porta, assim, aqui, diante do povo, me dês a garantia de que vais observar estas coisas, e não me abandonarás de modo algum no aval que fiz por ti”.32 Então o lobo, levantando a pata direita, deu fé na mão de São Francisco, seu avalista, diante de todos os presentes. 33 E houve tanta admiração, para alegria de todos, tanto pela devoção do santo como pela novidade do milagre como mais do que tudo pela paz entre o lobo e o povo, que todos clamavam aos céus, 34 louvando e bendizendo o Senhor (cfr. Lc 24,53) Jesus Cristo, que lhes enviara São Francisco e, pelos seus méritos, libertara da boca da péssima fera, transformando uma calamidade tão horrenda em paz e sossego.35 A partir daquele dia, portanto, o lobo com o povo e o povo com o lobo observaram o pacto feito por São Francisco. O lobo viveu por dois anos, andando de porta em porta pela cidade para comer, e sem fazer mal a ninguém. Ele também, sem ser ferido por alguém, foi cortesmente alimentado. 36 E o que é para admirar: nunca algum cão ladrava contra ele. No fim, o irmão lobo envelheceu e morreu.37 Muitos cidadão ficaram muito condoídos por sua ausência, porque a pacífica e benigna paciência daquele lobo, cada vez que ele ia pela cidade, fazia lembrar a virtude e a santidade admirável de São Francisco.Demos graças a Deus. Amém
Intercessões
Oficiante: Ouve a nossa humilde oração, ó Deus, por todos os seres vivos:
Todos: Por todos que são explorados, pelos que passam fome e são maltratados.
Oficiante: Por todas as criaturas que sofrem e que debatem contra as grades de uma prisão.
Todos: Por todos os que são perseguidos; pelos que estão perdidos ou foram abandonados; pelos que sofrem dor ou que estão agonizantes.
Oficiante: Suplicamos por todos os animais.
Todos: Todas as criaturas, cada qual a seu modo te louvam e te engrandecem continuamente, fazendo da terra uma casa harmoniosa.
Oficiante: Permite que cesse a crueldade dos Homens para com a natureza;
Todos: Aumenta em nossos corações o sentimento de gratidão pelos benefícios que recebemos de todo o mundo criado, especialmente os animais.
Oficiante: Eles nos servem de companhia
Todos: E nos levam a descobrir os mistérios de tua criação e tua ternura, Senhor.
Oficiante: Tudo, isto pedimos em nome daquele que nos revelou o teu amor eterno, Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém.

Bênção sobre os animais
Louvados sejas, Senhor, por todas as tuas criatura, obras de teu amor. Que a tua bênção desça sobre estes animais, a fim de que em nossa companhia ou como nossos cooperadores, nos recordem que tu, fazendo bem todas as coisas, tudo fizeste para o louvor de teu nome.

Abençoa + e protege estes animais e torna-os amigos de todos os seres humanos. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

* O oficiante aspergirá água sobre os animais

Saudação da Paz
Oficiante: A Paz do Senhor seja sempre convosco
Todos: Seja também contigo

*Bênção sobre todo o povo de Deus.

Todos: O Senhor nos abençoe e nos guarde.
O Senhor faça resplandecer o seu semblante sobre nós.
O Senhor sobre nós nos levante a sua face,
E nos dê a paz.
Amém.

*O bispo ou presbítero
Oficiante: E a Bênção de Deus Onipotente, Pai, Filho e Espírito Santo, seja convosco e convosco habite eternamente.
Todos: Amém.

Oração de São Francisco
Senhor, fazei-me um instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor,
onde houver ofensa, que eu leve o perdão
Onde houver discórdia, que eu leve a união,
onde houver dúvidas, que eu leve a fé.

Onde houver erro, que eu leve a verdade,
onde houver desespero, que eu leve a esperança
onde houver tristeza, que eu leve alegria,
onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, fazei que eu procure mais, consolar que ser consolado.
Compreender que ser compreendido.
Amar, que ser amado. Pois é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E é morrendo que se vive para a vida eterna.

Fontes: Devocionário da família franciscana p.281-283; Fontes Franciscanas p.1169, The Dayly Office SSF p. 293
(Liturgia realizada na Paróquia Anglicana da Santa Cruz – Diocese Anglicana de São Paulo – 04.10.2009)

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